terça-feira, 25 de outubro de 2011

Improviso para ventilador...

Morri hoje
mas ainda tenho que escrever este poema
antes que venham buscar o meu corpo
para a reciclagem
não sei se ainda tenho crédito de palavras
e temo mesmo que a password
neste momento
já esteja desactivada
mas arrisco
nem na morte me pesou a vida
digo-te que é apenas uma vertigem
nada que o amor entenda
ou o desamor
uma última miragem
o barco que finalmente sai da linha do horizonte
e parece naufragar
e foram necessárias tantas mortes
para chegar a esta
em que só tu me esperavas
não levantes já o meu corpo peço-te
deixa-me ainda acabar de morrer neste cigarro.

Ademar
31.08.2008


Improvisación para ventilador...

Me he muerto hoy
pero aún tengo que escribir este poema
antes de que vengan a recoger mi cuerpo
para el reciclaje
no sé si aún tengo crédito de palabras
y me temo incluso que la contraseña
en este momento
esté ya desactivada
pero me arriesgo
ni en la muerte me ha pesado la vida
te digo que es simplemente un vértigo
nada que el amor entienda
ni el desamor
un último espejismo
el barco que finalmente sale de la línea del horizonte
y parece naufragar
y han sido necesarias tantas muertes
para llegar a esta
en la que solo tú me esperabas
no levantes ya mi cuerpo te lo pido
déjame aún acabar de morir en este pitillo.

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