quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Improviso para contar margaridas...

No princípio de tudo
é o que não existe
antes mesmo do silêncio
antes mesmo da ausência
antes mesmo do pensamento
ou do desejo
o que não existe
é a vida que será ou não
se algum dia for ou deixar de ter sido
há mais beleza
nos pontos de interrogação
que interrogam o que ainda não existe
o universo ele mesmo já foi uma inexistência
e hoje
é tudo aquilo que parece
uma imensidão que nem as palavras
alcançam
algo maior
muito maior
do que o próprio infinito
ou a noção que temos dele
o que não existe
não tem curso na corrente das emoções
porque nem sequer o podemos projectar
se fosse projectável
seria como os sonhos ou as utopias
teria um corpo no horizonte das ideias
um corpo talvez visionário
mas ainda um corpo realidade interrogável
tudo o que convida à expectativa
já existe
mas eu falo aqui do que não existe
e não sei
porque não existe
como dizê-lo
fosse eu capaz de te dar um nome
e já serias real
mesmo que o teu corpo não passasse
de uma constelação de margaridas.

Ademar
19.07.2008


Improvisación para contar margaritas...

En el principio de todo
es lo que no existe
antes incluso del silencio
antes incluso de la ausencia
antes incluso del pensamiento
o del deseo
lo que no existe
es la vida que será o no
si algún día fuera o dejara de haber sido
hay más belleza
en los puntos de interrogación
que interrogan lo que aún no existe
el universo propiamente ya ha sido una inexistencia
y hoy
es todo aquello que parece
una imensidad que ni las palabras
alcanzan
algo mayor
mucho mayor
que el mismísimo infinito
o la noción que tenemos de él
lo que no existe
no tiene curso en la corriente de las emociones
porque ni siquiera lo podemos proyectar
si fuera proyectable
sería como los sueños o las utopías
tendría un cuerpo en el horizonte de las ideas
un cuerpo tal vez visionario
pero todavía un cuerpo realidad interrogable
todo lo que invita a la expectativa
ya existe
pero yo hablo aquí de lo que no existe
y no sé
porque no existe
cómo lo diría yo
si fuera capaz de darte un nombre
ya serías real
aunque tu cuerpo no pasara
de una constelación de margaritas.

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