domingo, 20 de novembro de 2011

Improviso sobre Le Chien, de Léo Ferré...


Sim
posso dizer todas as noites que a lua
não importa o adjectivo ou o grau
belíssima ou esplendorosa
a lua que cruza todos os olhares
quando se levantam do chão
que a lua és tu e ninguém
ou mais ninguém
que a lua improvisa todas as sombras
que a luz descurou
que a lua não existe
senão nas palavras que a noite grita
à diversão dos cães de Ferré
ele próprio que se dizia cão
sim
posso dizer todas as noites
que as diligências da memória vão vazias
ou lotadas de toda a gente que morreu
e que ninguém até hoje viveu no corpo
que te viaja
território tão frágil e tão virgem
que nem tu própria pareces habitar
todas as noites a incerteza do dia seguinte
o direito de ser tudo no futuro
e nada hoje
a não ser o pó que conjuga as estrelas.

Ademar
13.10.2008


Improvisación sobre Le Chien, de Léo Ferré...


puedo decir todas las noches que la luna
da igual el adjetivo o el grado
bellísima o esplendorosa
la luna que cruza todas las miradas
cuando se levantan del suelo
que la luna eres tú y nadie
o nadie más
que la luna improvisa todas las sombras
que la luz descuidó
que la luna no existe
sino en las palabras que la noche grita
a la diversión de los perros de Ferré
él mismo que se decía perro

puedo decir todas las noches
que las diligencias de la memoria van vacías
o llenas de toda la gente que ha muerto
y que nadie hasta hoy ha vivido en el cuerpo
que te viaja
territorio tan frágil y tan virgen
que ni tú misma pareces habitar
todas las noches la incertidumbre del día siguiente
el derecho de ser todo en el futuro
y nada hoy
a no ser el polvo que conjuga las estrellas.

2 comentários:

TatãoPortela disse...

Passo muitas vezes por aqui e fico a ler sem deixar comentários.Desejo que esta página continue. Passo poemas para o meu face...posso?

Um abraço

Sun Iou Miou disse...

Não é preciso deixar comentários, TatãoPortela. Basta ler. :)

Eu não sou quem para autorizar a publicação dos poemas do Ademar Ferreira dos Santos no facebook, mas visto que eles estão no Abnóxio, talvez se os passar para o facebook (toda a divulgação da poesia dele sempre será por bem) seria melhor indicar como fonte principal o endereço do Abnóxio, não acha?

Quanto a estas páginas, continuarei a traduzir aqui os Improvisos porque foi isso que ele me pediu e devo-lho por tudo quanto me deu.

Um abraço grande
María