terça-feira, 20 de julho de 2010

24.02.2005

Antologia poética (26)...

Improviso sobre a gaguez do silêncio...

Perguntas-me pelo libreto
como se as árias que arrisco nesta descontínua partitura
já não fossem suficientes
para me cantar
digo-te
não tenho a paciência interior
dos maratonistas da alma
continuo fechado no quarto da infância
entre dicionários cromos e legos
a minha mãe ainda bate à porta
e zanga-se com a chave por dentro
continuo a improvisar os medos da infância
já escrevi e reescrevo aqui
hei-de morrer de inibições
ainda que te desiludas
negar-me-ei sempre o libreto
talvez eu sofra
de uma patologia estranha e quase arcaica
este silêncio sôfrego
e tantas vezes gaguejante.

Ademar
24.02.2005


Antología poética (26)...

Improvisación sobre la tartamudez del silencio...

Me preguntas por el libreto
como si las arias que arriesgo en esta discontinua partitura
no fuesen ya suficientes
para cantarme
te digo
no tengo la paciencia interior
de los maratoneros del alma
continúo encerrado en el cuarto de la infancia
entre diccionarios cromos y legos
mi madre todavía llama a la puerta
y se enfada con la llave por dentro
continúo improvisando los miedos de la infancia
ya he escrito y reescribo aquí
me moriré de inhibiciones
aunque que te defraudes
me negaré siempre el libreto
tal vez sufra yo
de una patología extraña y casi arcaica
este silencio ávido
y tantas veces tartamudeante.

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