sábado, 17 de julho de 2010

02.02.2005

Antologia poética (16)...

Improviso sobre um abandono de camélias...

Tenho um quintal
plantado na saudade da infância
a que subia por uma estreita escada de granito
sofridamente talhada numa vertente de séculos
era lá que eu me esculpia solitário
entre nomes de coisas que pareciam sorrir
à lógica ainda refractária do meu entendimento
eu não sabia ainda de fronteiras marítimas
nem de caravelas galopantes
mas todos os meus sentidos costumavam dialogar em segredo
com o mistério das formas que me renasciam
interrogando a luz e o cheiro
daquelas corolas que a minha mãe
dizia exiladas do oriente
só muito mais tarde compreendi que as japoneiras
precisavam do silêncio dos meus olhos
para florir neste inverno.

Ademar
02.02.2005


Antología poética (16)...

Improvisación sobre un abandono de camelias...

Tengo un jardín
plantado en la nostalgia de la infancia
a la que subía por una estrecha escalera de granito
sufridamente tallada en una pendiente de siglos
era allí donde yo me esculpía solitario
entre nombres de cosas que parecían sonreír
a la lógica todavía refractaria de mi entendimiento
yo no sabía aún de fronteras marítimas
ni de carabelas galopantes
pero todos mis sentidos solían dialogar en secreto
con el misterio de las formas que me renacían
interrogando a la luz y al olor
de aquellas corolas que mi madre
decía exiliadas de oriente
sólo mucho más tarde he comprendido que las camelias
necesitaban el silencio de mis ojos
para florecer en este invierno.

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