segunda-feira, 27 de junho de 2011

Improviso sobre a aragem dos dias que sopram...

Escrevo na água
para que não fique rasto das palavras
que me fogem
pressinto a ameaça dos abutres
sobrevoando discretamente sobre o rumor
dos pântanos
mas nada é igual ao que sempre foi
as vozes que se erguem agora
parecem ainda mais antigas e audíveis
e há uma estranha teimosia no ar
uma irreverência que quase apela
à insubordinação
já não havia mais chão
nem mais silêncio
para tanto joelho dobrado.

Ademar
05.03.2008


Improvisación sobre la brisa de los días que soplan...

Escribo en el agua
para que no quede rastro de las palabras
que se me escapan
presiento la amenaza de los buitres
sobrevolando discretamente sobre el rumor
de los pantanos
pero nada es igual a lo que siempre ha sido
las voces que se elevan ahora
parecen todavía más antiguas y audibles
y hay una extraña tenacidad en el aire
una irreverencia que casi apela
a la insubordinación
ya no había más suelo
ni más silencio
para tanta rodilla doblada.

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