sábado, 9 de outubro de 2010

Improviso para voar sobre o atlântico...

Não há mãos que triunfem sobre as palavras
nem as mãos que te acordassem dessa tela
onde quase repousas
não há mãos nem chicotes nem algemas
o teu corpo pede agora viagens imateriais
exige o cárcere sem grades
suplica evidências que neguem a superfície do espelho
já quase obedeces apenas a ti própria
um pouco mais de submissão e
poderás conceder-te finalmente a liberdade
de voares nas minhas asas.

Ademar
26.12.2006


Improvisación para sobrevolar el atlántico...

No hay manos que triunfen sobre las palabras
ni las manos que te despertasen de ese lienzo
donde casi descansas
no hay manos ni látigos ni esposas
tu cuerpo pide ahora viajes inmateriales
exige la carcel sin rejas
suplica evidencias que nieguen la superficie del espejo
ya casi obedeces únicamente a ti misma
un poco más de sumisión y
podrás concederte finalmente la libertad
de volar en mis alas.

1 comentário:

Alexandre de Castro disse...

No poema "Improviso para voar sobre o Atlântico" o leitor enfrenta uma força telúrica que emana das palavras, ou da sua hábil conjugação, e que o transporta para a imateralidadee das coisas. É um poema, como em tantos outros, onde Ademar consegue esgotar a força das metáforas, sem enganar o leitor com trocadilhos estéreis.
Quem quiser aprender poesia tem de vir beber aqui.