domingo, 22 de agosto de 2010

28.07.2006

Antologia poética (401)...

Improviso para degredo e mosca...

Espreito o mundo
pela janela ao canto da sala
escondo-me para não ver
neste degredo
só faltam seres vivos
há matemática e poesia a menos
nas emoções que se baralham
sofro de uma espécie de esperança
que morre um pouco todos os dias
o mundo espreita-me
pela janela ao canto da sala
e procuro em vão esconderijos
não há abrigos
para este desconforto acumulado
não há palavras
adoeço de silêncios
e de medos que já não falam
sobra clandestinamente uma mosca
regresso às metamorfoses de Kafka
entendo-me com ela
desentendo-me de tudo o mais
este circo chora-me
viajo em direcção à infância
como se procurasse a fonte primeira
do esquecimento de tudo
não caem lá fora
o míssil que deflagra
fui eu.

Ademar
28.07.2006


Antología poética (401)...

Improvisación para destierro y mosca...


Espío al mundo
por la ventana de la esquina del salón
me escondo para no ver
en este destierro
sólo faltan seres vivos
hay matemática y poesía de menos
en las emociones que se entremezclan
sufro de una especie de esperanza
que muere un poco todos los días
el mundo me espía
por la ventana de la esquina del salón
y busco en vano escondrijos
no hay abrigos
para este desconsuelo acumulado
no hay palabras
adolezco de silencios
y de miedos que ya no hablan
queda clandestinamente una mosca
regreso a las metamorfosis de Kafka
me entiendo con ella
me desentiendo de todo lo demás
este circo me llora
viajo en dirección a la infancia
como si buscase la fuente primera
del olvido de todo
no caen ahí fuera
el misil que deflagra
he sido yo.

2 comentários:

ella disse...

Esto es enorme, es pura música.

Sun Iou Miou disse...

Música y desconsuelo.