segunda-feira, 30 de agosto de 2010

17.07.2006

Antologia poética (411)...

Improviso para negar as escrituras... *

Para que o Pai não duvidasse
do sucesso da sua missão
Judas visitou Cristo na cruz
e
temendo que o Messias
pudesse sofrer mais do que estava predestinado
martelou ainda mais os pregos
para apressar a morte e a história
foi então que o sangue do Redentor golfou
sobre os olhos do traidor
e Judas
(que não frequentava urgências hospitalares)
desmaiou
à visão do amigo desfalecido
Cristou não resistiu à tentação misericordiosa
e desceu da cruz para o reanimar
consta que já se tinha arrependido
dos caprichos sádicos do Pai
e só esperava um bom pretexto para negar as escrituras
e gozar a vida
foram ambos dali para os copos
rindo da ingenuidade dos Apóstolos e das Apóstolas
ainda hoje não se sabe
quem ficou na cruz no seu lugar.

Ademar
17.07.2006

* Agradeço à Ana Saraiva a involuntária inspiração.


Antología poética (411)...

Improvisación para negar las escrituras... *

Para que el Padre no dudase
del éxito de su misión
Judas visitó a Cristo en la cruz
y
temiendo que el Mesías
pudiese sufrir más de lo que le estaba predestinado
martilló todavía más los clavos
para acelerar la muerte y la historia
fue entonces cuando la sangre del Redentor saltó
sobre los ojos del traidor
y Judas
(que no frecuentaba urgencias hospitalarias)
se desmayó
ante la visión del amigo desfallecido
Cristo no resistió a la tentación misericordiosa
y se bajó de la cruz para reanimarlo
consta que ya se había arrepentido
de los caprichos sádicos de su Padre
y sólo esperaba un buen pretexto para negar las escrituras
y disfrutar de la vida
después se fueron ambos de chatos
riéndose de la ingenuidad de los Apóstoles y de las Apóstolas
todavía hoy no se sabe
quién se quedó en la cruz en su lugar.

* Agradezco a Ana Saraiva la involuntaria inspiración.

1 comentário:

Alexandre de Castro disse...

Lembro-me perfeitamente que foi através deste poema que descobri o poeta Ademar. A partir daí, frequentei diariamente o abnoxio. O poema é notável.
A Maria Alonso teve a amabilidade de me recordar (e enviar) o meu comentário e esse poema, que passo a transcrever:
"Descobri só agora os seus admiráveis poemas e o seu blogue, de que passarei a ser um regular e fiel frequentador.Particularmente, este poema "Improviso para negar as escrituras...", é de uma qualidade superior, uma vez que, de uma forma poéticamente original,relança uma discussão que atravessou dois mil anos de História. Parabéns".