quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Improviso quase perfeito...

Não te agradeço o silêncio
nem o mais que de ti sobra
antes e depois das palavras
sempre tão breves e tão irregulares
não te agradeço o pudor nem o medo
sobre os telhados da insónia
em que dormes sem braços
não te agradeço a compreensão
de como tudo tão lentamente floresce
numa primavera que não chegou a visitar-nos
não te agradeço a teimosia das nuvens
nem a ilusão do esquecimento
na incerteza de todas as distâncias inúteis
e menos ainda te agradeço o amor
esse amor sempre arranhado numa corda solta
que de tão pouco assim nos serve
quando troca a partitura.

Ademar
14.12.2008


Improvisación casi perfecta...

No te agradezco el silencio
ni nada que de ti sobra
antes y después de las palabras
siempre tan breves y tan irregulares
no te agradezco el pudor ni el miedo
sobre los tejados del insomnio
en el que duermes sin brazos
no te agradezco la comprensión
de cómo todo tan lentamente florece
en una primavera que no llegó a visitarnos
no te agradezco la tozudez de las nubes
ni la ilusión del olvido
en la incertidumbre de todas las distancias inútiles
y menos aún te agradezco el amor
ese amor siempre arañado en una cuerda suelta
que de tan poco así nos sirve
cuando cambia la partitura.

Sem comentários: