sábado, 30 de julho de 2011

Improviso em forma de brinde teológico...

Bebamos hoje à saúde
do próximo deus que inventaremos
a morte é um negócio cansado
precisamos de deuses descontraídos
e sorridentes
que não se injectem à porta dos bares
do alterne da vida
deuses baratos
que não cobrem côngrua nem dízimo
nem se façam explodir
entre as coxas das virgens adiadas
essas virgens eternamente prometidas à eternidade
que nunca dura mais
do que uma vida mal contada
deuses sem toras e sem taras
etimologicamente intocáveis
à prova de messias e de mártires
e de altares que não caibam na noite
bebamos hoje à saúde de nós mesmos.

Ademar
21.04.2008


Improvisación en forma de brindis teológico...

Bebamos hoy a la salud
del próximo dios que inventaremos
la muerte es un negocio cansado
necesitamos dioses relajados
y sonrientes
que no se inyecten a la puerta de los bares
de alterne de la vida
dioses baratos
que no cobren congrua ni diezmos
ni se hagan explotar
entre los muslos de las vírgenes postergadas
esas vírgenes eternamente prometidas a la eternidad
que nunca dura más
que una vida mal contada
dioses sin toras y sin taras
etimológicamente intocables
a prueba de mesías y de mártires
y de altares que no quepan en la noche
bebamos hoy a la salud de nosotros mismos.

1 comentário:

Alexandre de Castro disse...

No blogue do Ademar, o abnoxio, deixei um comentário, que transcrevo aqui, sobre este seu poema:

"Outro belo poema. As imagens utilizadas para desmontar a hipocrisia das três religiões do Livro aparecem nítidas e cáusticas, a marcar a denúncia dos seus aspectos aberrantes- a côngrua, o dízimo, as virgens celestiais do profeta, a tora".

Posted by: Alexandre de Castro | abril 22, 2008 11:35 AM