quinta-feira, 17 de março de 2011

Improviso para E..., com Gluck em fundo...



Caminhavas devagaríssimo
como se apenas soletrasses os passos
e já não tivesses olhos ou mãos para ninguém
todos os rios sim têm duas margens
menos o teu
que submerge na corrente
antes de nenhuma foz
soluçavas devagaríssimo
como se apenas soletrasses as lágrimas
e já nenhum arrependimento as pudesse conter
todos os rios sim têm duas margens
menos o teu
que submerge na corrente
antes de nenhuma foz.

Ademar Santos
10.10.2007


Improvisación para E..., con Gluck de fondo...

Caminabas despacísimo
como si sólo deletrearas los pasos
y ya no tuvieras ojos ni manos para nadie
todos los ríos sí tienen dos orillas
menos el tuyo
que se sumerge en la corriente
antes de ninguna desembocadura
sollozabas despacísimo
como si sólo deletrearas las lágrimas
y ya ningún arrepentimiento las pudiera contener
todos los ríos sí tienen dos orillas
menos el tuyo
que se sumerge en la corriente
antes de ningunha desembocadura.


*Nota da tradutora: Este improviso ia acompanhado duma música de Gluck que no entanto foi desactivada. Como desconheço qual era, coloquei outra do mesmo autor. Se alguém lembrar qual era, agradeço a indicação.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Improviso trovadoresco...

Há nos olhos da minha amiga
persianas
que não abrem nem fecham com a luz
há nos dedos das mãos da minha amiga
impressões de muitas identidades
há no corpo da minha amiga
manchas
que nenhum planisfério localiza
há nas vibrações da minha amiga
um pêndulo interior
que não reconhece as leis da gravidade
há no peito da minha amiga
relevos
que espreitam e desafiam o desejo
há nos cabelos da minha amiga
um cheiro único a flores extintas
há nos silêncios e nos gritos da minha amiga
um desleixo antigo de destinos e de palavras
e há nos gestos da minha amiga
litorais sem água
desertos sem areia
atmosferas sem oxigénio
altares sem deuses
precipícios escritos de qualquer maneira.

Ademar
09.10.2007


Improvisación trobadoresco...

Hay en los ojos de mi amiga
persianas
que no se abren ni cierran con la luz
hay en los dedos de las manos de mi amiga
huellas de muchas identidades
hay en el cuerpo de mi amiga
manchas
que ningún planisferio localiza
hay en las vibraciones de mi amiga
un péndulo interior
que no reconoce las leyes de la gravedad
hay en el pecho de mi amiga
relieves
que observan y desafían al deseo
hay en el pelo de mi amiga
un olor único a flores extintas
hay en los silencios y en los gritos de mi amiga
una dejadez antigua de destinos y de palabras
y hay en los gestos de mi amiga
litorales sin agua
desiertos sin arena
atmósferas sin oxígeno
altares sin dioses
precipicios escritos de cualquier manera.

Improviso para iluminar o buraco-negro da lua...

Que a lua complete a sua viagem de rosas
e não descanse sobre o patamar de nenhuma sombra
que todos os sóis a dispam lentamente
e ela reconheça finalmente as fronteiras
da sua própria galáxia.

Ademar
08.10.2007


Improvisación para iluminar el agujero negro de la luna...

Que la luna complete su viaje de rosas
y no descanse sobre el rellano de ninguna sombra
que todos los soles la desnuden lentamente
y ella reconozca finalmente las fronteras
de su propia galaxia.

terça-feira, 15 de março de 2011

Improviso contabilístico...

Arrumou as velas para que ele não visse
arrumou as camas para que ele não coubesse
arrumou os gritos para que ele não ouvisse
arrumou as memórias para que ele não soubesse
arrumou os brinquedos para que ele não brincasse
arrumou o corpo para que ele não batesse
arrumou a alma para que ele não imitasse
arrumou a toalha o pijama as cuecas os chinelos
e continuou a cerzir a paciência
do amante que nunca desiste.

Ademar
07.10.2007


Improvisación contabilística...

Recogió las velas para que él no viera
recogió las camas para que él no cupiera
recogió los gritos para que él no oyera
recogió los recuerdos para que él no supiera
recogió los juguetes para que él no jugara
recogió el cuerpo para que él no pegara
recogió el alma para que él no imitara
recogió la toalla el pijama calzoncillos zapatillas
y siguiendo zurciendo la paciencia
del amante que nunca desiste.

Improviso para mapear a tua rua...

Da tua varanda deve ver-se a rua
e do outro lado dela
o mundo de que te escondes
entre sombras e grades
e todos os segredos
as costas que ofereces às palavras que sangram
para que ninguém se perca na cobardia dos teus olhos
o pudor doentio dos espelhos
o pânico do lugar da identidade
o desespero de todas as evidências interiores
a vertigem do engano do risco e da fuga
da tua varanda deve ver-se a rua
e pouco mais do que ninguém.

Ademar
06.10.2007


Improvisación para hacer el plano de tu calle...

Desde tu balcón se debe de ver la calle
y desde el otro lado de ella
el mundo en que te escondes
entre sombras y rejas
y todos los secretos
la espalda que ofreces a las palabras que sangran
para que nadie se pierda en la cobardía de tus ojos
el pudor enfermizo de los espejos
el pánico del lugar de la identidad
la desesperación de todas las evidencias interiores
el vértigo del engaño del riesgo y de la huída
desde tu balcón se debe de ver la calle
y poco más que nadie.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Improviso para ir ainda mais longe...

Há viagens de que nunca chegamos
ainda que os cais por vezes se encontrem e desencontrem
na linha do destino
há viagens que respiram o exterior das janelas
e que sangram apenas por dentro.

Ademar
04.10.2007


Improvisación para ir todavía más lejos...

Hay viajes de los que nunca llegamos
aunque los andenes a veces se encuentren y desencuentren
en la línea del destino
hay viajes que respiran el exterior de las ventanas
y que sangran sólo por dentro.

domingo, 13 de março de 2011

Improviso quase outonal...

Adoeço agora das mãos
soletrando mentiras
parece que era um jogo
um jogo de cartas viciadas
e eu andava distraído
o amor distrai.

Ademar
04.10.2007


Improvisación casi otoñal...

Adolezco ahora de las manos
deletreando mentiras
parece que era un juego
un juego de cartas viciadas
y yo andaba distraído
el amor distrae.

Improviso flutuante...

Flutuar sobre um campo de ausências
e não ver mais do que nuvens
ou sombras delas
pouco vale a poesia
quando o instinto viaja
e nenhum compromisso permanece
há mais verdade nos amantes
do que a sua circunstância.

Ademar
03.10.2007


Improvisación fluctuante...

Fluctuar sobre un campo de ausencias
y no ver más que nubes
o sombras de ellas
poco vale la poesía
cuando el instinto viaja
y ningún compromiso permanece
hay más verdad en los amantes
que su circunstancia.

sábado, 12 de março de 2011

Improviso no lugar do instinto...

Os braços não abraçam todos por igual
não há duas vozes confundíveis no silêncio das madrugadas
nem as palavras são indiferentes
as mãos não agarram e acariciam todas da mesma forma
todos os gestos têm alma e bilhete de identidade
ninguém substitui ninguém
mas só os deuses costumam acertar a saída efémera
no emaranhado labirinto das paixões.

Ademar
03.10.2007


Improvisación en vez de instinto...

Los brazos no abrazan todos por igual
no hay dos voces confundibles en el silencio de las madrugadas
ni las palabras son indiferentes
las manos no agarran ni acarician todas de la misma forma
todos los gestos tienen alma y carné de identidad
nadie sustituye a nadie
pero sólo los dioses suelen acertar con la salida efímera
en el enmarañado laberinto de las pasiones.

Improviso para berçar...

Que farei para que a luz
regresse ao lugar de todas as origens?
baloiçarei docemente o berço
para que ninguém caia dele
antes do tempo da saudade.

Ademar
02.10.2007


Improvisación para cunar...

¿Qué haré para que la luz
regrese al lugar de todos los orígenes?
Meceré dulcemente la cuna
para que nadie se caiga de ella
antes del tiempo de la añoranza.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Improviso para abrir e fechar gavetas...

Dispo o armário
para que as sombras respirem
e volto a beber da vida do fetiche
que deixaste
agora há sempre pouca luz neste quarto de lentas
                                                               [inseguranças
e os fantasmas entretêm as tardes
jogando em castelhano um confuso xadrez de memórias
amanhã já foi quarta-feira.

Ademar
02.10.2007


Improvisación para abrir y cerrar cajones...

Desvisto el armario
para que las sombras respiren
y vuelvo a beber de la vida del fetiche
que dejaste
ahora hay siempre poca luz en esta habitación de lentas
                                                                        [inseguridades
y los fantasmas entretienen las tardes
jugando en castellano un confuso ajedrez de recuerdos
mañana ya ha sido miércoles.

Improviso para servir de baloiço...

Escrevi hoje palavras que não leste
palavras que não tiveram destino
afogadas na corrente deste rio
que corre à solta entre nós
não há palavras que salvem as noites
do deserto
mas há palavras que mudam a vida
quando simplesmente baloiçamos nelas.

Ademar
01.10.2007


Improvisación para servir de columpio...

He escrito hoy palabras que no has leído
palabras que no han tenido destino
ahogadas en la corriente de este río
que corre sin trabas entre nosotros
no hay palabras que salven las noches
del desierto
pero hay palabras que cambian la vida
cuando simplemente nos columpiamos en ellas.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Improviso tumular...

Se a vida me perder
não digas a ninguém que morri.

Ademar
30.09.2007


Improvisación tumular...
Si la vida me perdiera
no le digas a nadie que me he muerto.

Improviso sobre uma tela de Paula Rego...













Já subiste a todos os altares
e desceste
o teu corpo pequeno cabe em todas as mãos
e não há arrojo
que os teus dentes não mordam
sim eu sei
o chão sempre longe dos pés
e o precipício ao alcance de todos os abraços
serias feliz numa nuvem
se houvesse nuvens sem portas nem janelas.

Ademar
29.09.2007


Improvisación sobre un lienzo de Paula Rego...

Ya has subido a todos los altares
y has bajado
tu cuerpo pequeño cabe en todas las manos
y no hay arrojo
que tus dientes no muerdan
sí ya sé
el suelo siempre lejos de los pies
y el precipicio al alcance de todos los abrazos
serías feliz en una nube
si hubiera nubes sin puertas ni ventanas.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Improviso para pedir a noite...

Hoje abri a janela para que não fugisses
e retirei as grades
cabem finalmente no horizonte
todas as dúvidas
nenhuma prisão entre nós
será preventiva
nenhuma morte
definitiva
as memórias dançam nos olhos distantes
desafiando a cobardia natural das palavras
não há verdades em cima da mesa
nem por baixo
há apenas espelhos
e pesadelos trocados
e todo o assombro das mãos dadas
que desvendam a noite.

Ademar
29.09.2007


Improvisación para pedir la noche...

Hoy he abierto la ventana para que no huyeras
y he retirado las rejas
caben finalmente en el horizonte
todas las dudas
ninguna prisión entre nosotros
será preventiva
ninguna muerte
definitiva
los recuerdos bailan en los ojos distantes
desafiando la cobardía natural de las palabras
no hay verdades encima de la mesa
ni debajo
hay solamente espejos
y pesadillas cambiadas
y todo el asombro de las manos unidas
que desvendan la noche.

Improviso recolhido em Sophia...

Nada deveria escrever-se assim
no absurdo mistério das sextas-feiras
como se tudo deixasse de ser
e já só o vácuo nos respirasse
a vida sim
deveria ainda fazer algum sentido
entre a morte e a sua bruma
um sentido poupado à geometria da indiferença.

Ademar
28.09.2007


Improvisación recogida en Sophia...

Nada se debería escribir así
en el absurdo misterio de los viernes
como si todo dejara de ser
y ya sólo lo vacuo nos respirara
la vida sí
debería aún tener algún sentido
entre la muerte y su bruma
un sentido relevado de la geometría de la indiferencia.

terça-feira, 8 de março de 2011

Improviso para iludir o rei da Pérsia...

Celebro todas as noites
Sherazade
adiando a lâmina que me degole
e o fim da história
acendo velas
abro e fecho gavetas de tantas memórias
liberto papéis na secretária despida
e danço ainda
a embriaguez das palavras que nos sobram
lentamente
continuando a soletrar as noites.


Ademar
27.09.2007


Improvisación para engañar al rey de Persia...

Celebro todas las noches
Sherezade
postergando la cuchilla que me habrá de degollar
y el fin de la historia
enciendo velas
abro y cierro cajones de tantos recuerdos
libero papeles en el escritorio desnudo
y bailo todavía
la embriaguez de las palabras que nos sobran
lentamente
sigo deletreando las noches.

Improviso para distrair o cansaço dos dias sem retorno...

Pudesse eu ignorar
que as tuas mãos tropeçam
partituras em dó maior
e mordem as teclas
quando a lua falece
pudesse eu não ver
os palhaços chorando nos teus olhos.

Ademar
26.09.2007


Improvisación para distraer el cansancio de los días sin retorno...

Ojalá pudiese ignorar
que tus manos tropiezan
partituras en do mayor
y muerden las teclas
cuando la luna fallece
ojalá pudiese no ver
a los payasos llorando en tus ojos.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Improviso apressado...

Tenho menos de meia hora para escrever um poema
uma quase eternidade de palavras
a lua cheia
e a noite desabrigada
antes do silêncio das vozes
hoje não morro
colecciono fins de semana.

Ademar
25.09.2007


Improvisación apresurada...

Tengo menos de media hora para escribir um poema
una casi eternidad de palabras
la luna llena
y la noche desabrigada
antes del silencio de las voces
hoy no me muero
colecciono fines de semana.

Improviso para E...

Não há morte que te arraste comigo
em deslembranças
tenho nos olhos a perfeição dos teus gestos
e quase poderia dizer
que me embriago todas as noites assim
entre a lua e o teu reverso
hoje tens visitas de lágrimas
chorarei um copo contigo.

Ademar
24.09.2007


Improvisación para E...

No hay muerte que te arrastre conmigo
en desmemorias
tengo en los ojos la perfección de tus gestos
y casi podría decir
que me embriago todas las noches así
entre la luna y tu reverso
hoy tienes visitas de lágrimas
lloraré un vaso contigo.

domingo, 6 de março de 2011

Improviso para uma mosca...

Uma mosca pode resumir o sentido todo do universo
se o universo tivesse sentido algum
ainda assim
na dúvida
deixo-a pousar no meu ombro
e releio a Metamorfose
há uma verdade nesta mosca
que me interroga
uma verdade literária talvez
mas quem me garante
que a literatura não cumpre a vida?

Ademar
23.09.2007


Improvisación para una mosca...

Una mosca puede resumir todo el sentido del universo
si el universo tuviera sentido alguno
aún así
en la duda
dejo que se pose en mi hombro
y releo la Metamorfosis
hay una verdad en esta mosca
que me interroga
una verdad literaria tal vez
¿pero quién me garantiza
que la literatura no completa la vida?

sábado, 5 de março de 2011

Improviso ao jeito de antevisão...

As almofadas embalam sozinhas
os cabelos ausentes
o plasma ainda sussurra o grito dos teus olhos
escondendo o espelho de todas as algemas
e sobre a mesa o cinema
e aquém da tela
o braço que adormece lentamente a madrugada.

Ademar
21.09.2007


Improvisación a modo de videncia...

Las almohadas mecen ellas solas
los cabellos ausentes
el plasma aún susurra el grito de tus ojos
escondiendo el espejo de todas las manillas
y sobre la mesa el cine
y deste lado de la pantalla
el brazo que duerme lentamente a la madrugada.

Improviso para dizer por que nunca irei à fábrica dos milagres...

Os meus segredos não valem
uma peregrinação a fátima
não escondem nada
não esperam nada
senão o milagre impossível.

Ademar
20.09.2007


Improvisación para decir por qué no iré nunca a la fábrica de los milagros...

Mis secretos no valen
una peregrinación a fátima
no esconden nada
no esperan nada
sino el milagro imposible.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Improviso em forma de pedido de desculpa...

Embrulho-me nas palavras
anoiteço nelas
quando só as palavras nos viajam
sim
sei que por vezes as palavras te adoecem
sobre todas as nuvens e precipícios
há muitos embaraços nas palavras
e muitas grutas que espreitam apenas o horizonte
mais do que nos olhos e nas mãos
e nos olhos de todas as mãos
uma espécie de cansaço antigo
quase tão antigo como a mais remota origem
de todos os silêncios.

Ademar
20.09.2007


Improvisación en forma de petición de disculpa...

Me embrollo en las palabras
anochezco en ellas
cuando sólo las palabras nos viajan

sé que a vezes las palabras te enferman
sobre todas las nubes y precipicios
hay mucha turbación en las palabras
y muchas grutas que escudriñan nada más el horizonte
más que en los ojos y en las manos
y en los ojos de todas las manos
una especie de cansancio antiguo
casi tan antiguo como el más remoto origen
de todos los silencios.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Improviso quase laboral...

Irrepetível a chuva
nenhum precipício
a esperança fatigada
e o diário do trabalho
do trabalho
do trabalho
sobre pedras encantadas
o instinto ainda em férias
ou um pouco menos de azul.

Ademar
19.09.2007


Improvisación casi laboral...

Irrepetible la lluvia
ningún precipicio
la esperanza fatigada
y el diario del trabajo
del trabajo
del trabajo
sobre piedras encantadas
el instinto aún de vacaciones
o un poco menos de azul.

Improviso quase tecnológico...

O antivírus
és tu
nenhum software redime
o caos da tua ausência.

Ademar
17.09.2007


Improvisación casi tecnológica...

El antivirus
eres tú
ningún software redime
el caos de tu ausencia.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Improviso para desafiar Hércules...

Há quem peça apenas razões para acreditar
que tempo e eternidade não são sinónimos
e que a noite não adormece apenas cadáveres
há quem sempre acorde na esperança da luz
e nunca desista
que nenhum escultor dispensa
a verdade do cinzel interior.

Ademar
16.09.2007


Improvisación para desafiar a Hércules...

Hay quien pide sólo razones para creer
que tiempo y eternidad no son sinónimos
y que la noche no duerme sólo a cadáveres
hay quien siempre se despierta en la esperanza de la luz
y nunca desiste
que ningún escultor prescinde de
la verdad del cincel interior.

Improviso sobre o tempo das marés...

As marés dançam o tempo
enquanto o cais espera
há vida a menos no cais
e as ondas namoram-no devagar
palavras que despertam manhãs
as mesas incertas na esplanada
o café
o cigarro
os jornais
e o baloiço sempre adiado
são horas de fazer o almoço
que agora o tempo dança sozinho.

Ademar
15.09.2007


Improvisación sobre el tiempo de las mareas...

Las mareas bailan el tiempo
mientras el muelle espera
hay vida de menos en el muelle
y las olas lo cortejan despacio
palabras que despiertan mañanas
las mesas inciertas en la terraza
el café
el pitillo
los diarios
y el balanceo siempre aplazado
es hora de hacer la comida
que ahora el tiempo ya baila solo.

terça-feira, 1 de março de 2011

Improviso em forma de haiku sobre o tempo...

Falta-me o tempo que te sobra
há vidas que falham
em contramão.

Ademar
14.09.2007


Improvisación en forma de haikú sobre el tiempo...

Me falta el tiempo que te sobra
hay vidas que fallan
a contramano.

Improviso sem chave...

São muitas chaves
para uma única fechadura
e em nenhuma porta
há celas que só se abrem por dentro
horizontes que apenas servem de cárcere
a tua liberdade
é uma fadiga de segredos
um bordado de silêncios que gritam.

Ademar
14.09.2007


Improvisación sin llave...

Son muchas llaves
para una única cerradura
y en ningunha puerta
hay celdas que sólo se abren por dentro
horizontes que únicamente sirven de cárcel
tu libertad
es una fatiga de secretos
un bordado de silencios que gritan.