Sim
posso dizer todas as noites que a lua
não importa o adjectivo ou o grau
belíssima ou esplendorosa
a lua que cruza todos os olhares
quando se levantam do chão
que a lua és tu e ninguém
ou mais ninguém
que a lua improvisa todas as sombras
que a luz descurou
que a lua não existe
senão nas palavras que a noite grita
à diversão dos cães de Ferré
ele próprio que se dizia cão
sim
posso dizer todas as noites
que as diligências da memória vão vazias
ou lotadas de toda a gente que morreu
e que ninguém até hoje viveu no corpo
que te viaja
território tão frágil e tão virgem
que nem tu própria pareces habitar
todas as noites a incerteza do dia seguinte
o direito de ser tudo no futuro
e nada hoje
a não ser o pó que conjuga as estrelas.
Ademar
13.10.2008
Improvisación sobre Le Chien, de Léo Ferré...
Sí
puedo decir todas las noches que la luna
da igual el adjetivo o el grado
bellísima o esplendorosa
la luna que cruza todas las miradas
cuando se levantan del suelo
que la luna eres tú y nadie
o nadie más
que la luna improvisa todas las sombras
que la luz descuidó
que la luna no existe
sino en las palabras que la noche grita
a la diversión de los perros de Ferré
él mismo que se decía perro
sí
puedo decir todas las noches
que las diligencias de la memoria van vacías
o llenas de toda la gente que ha muerto
y que nadie hasta hoy ha vivido en el cuerpo
que te viaja
territorio tan frágil y tan virgen
que ni tú misma pareces habitar
todas las noches la incertidumbre del día siguiente
el derecho de ser todo en el futuro
y nada hoy
a no ser el polvo que conjuga las estrellas.
Não é preciso deixar comentários, TatãoPortela. Basta ler. :)
Eu não sou quem para autorizar a publicação dos poemas do Ademar Ferreira dos Santos no facebook, mas visto que eles estão no Abnóxio, talvez se os passar para o facebook (toda a divulgação da poesia dele sempre será por bem) seria melhor indicar como fonte principal o endereço do Abnóxio, não acha?
Quanto a estas páginas, continuarei a traduzir aqui os Improvisos porque foi isso que ele me pediu e devo-lho por tudo quanto me deu.
Este caderno de exercícios de tradução para aliviar a tristeza está dedicado a todas as pessoas que amam o Ademar, mas principalmente à sua irmã, Laura Ferreira dos Santos, e aos filhos dele -Henrique, Francisco e Alexandre.
Abnóxio (recuperado)
O blogue original do Ademar Ferreira dos Santos desapareceu da blogosfera. Foi recuperado aqui (clicar na sinatura):
Imagens e poemas retirados do
Abnóxio
Fotografia do cabeçalho cedida por Rosa Oliveira
Música para o Ademar
Ravel, Piano Concerto in G - Mov II: Adagio assai (Martha Argerich, 1990)
2 comentários:
Passo muitas vezes por aqui e fico a ler sem deixar comentários.Desejo que esta página continue. Passo poemas para o meu face...posso?
Um abraço
Não é preciso deixar comentários, TatãoPortela. Basta ler. :)
Eu não sou quem para autorizar a publicação dos poemas do Ademar Ferreira dos Santos no facebook, mas visto que eles estão no Abnóxio, talvez se os passar para o facebook (toda a divulgação da poesia dele sempre será por bem) seria melhor indicar como fonte principal o endereço do Abnóxio, não acha?
Quanto a estas páginas, continuarei a traduzir aqui os Improvisos porque foi isso que ele me pediu e devo-lho por tudo quanto me deu.
Um abraço grande
María
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